quinta-feira, 23 de maio de 2013

Roubada num instante...


Fui vítima de fraude bancária. Alguém usou indevidamente o meu cartão de crédito para comprar ou pagar sei lá o quê! Um cartão de crédito que nunca usei e que nunca perdi ou me foi roubado.

Fui roubada de forma instantânea e já perdi não sei quantas horas do meu tempo a tentar recuperar o dinheiro que me pertence. Vários telefonemas para o Banco, para aqueles números de valor acrescentado que se cobram generosamente; várias horas na GNR, para apresentar queixa; várias deslocações ao Banco para assinar papéis às "pinguinhas"...

Mesmo que venha a recuperar o meu dinheiro, ninguém me pagará o tempo perdido, nem os incómodos vividos com esta situação.

O Banco foi absolutamente célere, como sempre, a cobrar-me a dívida que não contraí! Já se "pagou" do valor usado em crédito (que não foi assim tão pouco!). Felizmente, tinha o dinheiro em causa para pagar a dívida que não fiz sem ter que suportar juros. Mas, caso não tivesse esse valor, o ónus dos juros ser-me-ia sempre imputado a mim! Mesmo que a fraude venha a ser comprovada e que o dinheiro me seja devolvido, como devido, o Banco nunca me retornaria o valor dos juros eventualmente pagos. Absurdo e absolutamente ilegítimo!

O processo de averiguações do Banco deve demorar cerca de dois meses, disseram-me. Felizmente, não preciso do dinheiro em causa para dar de comer aos meus filhos ou para pagar as minhas contas. Mas, e se precisasse? Como é que uma instituição bancária não dá uma resposta mais célere a casos como estes?! Está em causa a confiança que, como cliente, deposito na instituição, mesmo que esta não tenha responsabilidades directas pelo sucedido.

Não é à toa que as pessoas sentem, na actualidade, os Bancos como agiotas dos tempos modernos. Eu tenho vindo, gradualmente, a perder convicção nas instituições bancárias que se promovem como de absoluta fidedignidade. Não é bem assim! O problema é que as suas práticas pouco éticas estão legalizadas.

segunda-feira, 13 de maio de 2013

FC Porto-Benfica: o diferencial que desequilibra a balança


A imagem de marca do FC Porto-Benfica de 11 de Maio passado, com Jorge Jesus de joelhos face a um Vítor Pereira louco de alegria, é o testemunho perfeito para o final épico que o clássico teve.

A fotografia tem ainda subjacente a ideia de um treinador consagrado subjugado por um outro que não provou ainda em absoluto o seu valor (pelo menos na perspectiva do adepto de futebol) - comummente se diz que no FC Porto qualquer treinador se arrisca a ser campeão.

São curiosamente, ou nem tanto, dois treinadores que estão longe de serem consensuais entre os adeptos de Benfica e FC Porto. Têm estado ambos entre o ódio e o amor, no coração de benfiquistas e portistas.

Antes deste clássico, Jesus era endeusado na Luz perante um título que parecia absolutamente certo; já a Vítor Pereira todos os portistas apontavam a porta de saída, face à quase certeza de uma época perdida. O técnico dos dragões entrou para o jogo como um "treinadorzinho" e saiu dele como figura magna, conforme se pode atestar pela forma como dominou a conferência de imprensa depois do apito final - até se deu ao luxo de mandar umas bocas a Pinto da Costa, quando insinuou que não precisava do FC Porto para continuar a treinar!

Aquela que parecia uma época gloriosa para as águias poderá, no fim de contas, tornar-se num autêntico pesadelo e Jesus poderá sair da Luz pela porta mais pequena. Em quatro  temporadas no Benfica, venceu somente um título (2009/2010) e três Taças da Liga (2009/2010, 2010/2011, 2011/2012). Muito pouco para um treinador que é reconhecidamente bom no seu trabalho. Jesus merecia verdadeiramente um pouco mais! E o Benfica tem um estatuto que lhe exige outro volume de triunfos, mas continua sem encontrar a fórmula para travar a supremacia do FC Porto. Não sei se o problema será do treinador presente, mas é certo que Jesus tem respeitado demasiado o grande rival do Dragão.

Vítor Pereira, que ainda há quatro temporadas treinava na Segunda Liga, ganhou um título (2011/2012) e duas Supertaças Cândido de Oliveira (2011 e 2012), em duas temporadas como treinador principal do FC Porto.

Acredito que Jesus é melhor treinador do que Vítor Pereira, mas os números não enganam e, no lado concreto dos factos, é o segundo que se revela mais eficaz. Em alguns casos, o Benfica parece ter esta capacidade de piorar os seus profissionais. Já o FC Porto consegue, tantas vezes, aprimorar o mais mediano treinador ou jogador. E este é o diferencial que desequilibra a balança na eterna rivalidade entre os dois clubes.

Espero que Vítor Pereira se sagre campeão no domingo para deixar o FC Porto pela porta grande - ele merece provar o seu  valor longe da sombra vitoriosa do Dragão e o FC Porto merece um treinador mais capaz em termos europeus. E que Jesus salve a época do Benfica vencendo a Liga Europa e, já agora, que preserve o seu lugar no banco da Luz.

quinta-feira, 2 de maio de 2013

Quando "o trabalho vale menos do que lixo"...


Na ressaca do Dia do Trabalhador, mais um dia de desemprego para mim, é com tristeza que me vejo a concordar com a ideia de que "o trabalho vale menos do que lixo" nos dias que correm. É o escritor e jornalista uruguaio Eduardo Galeano quem o diz nesta reportagem da TVE, onde também defende que, hoje em dia, "o trabalhador é um mendigo de emprego".

Não compensa, verdadeiramente, trabalhar nesta realidade sócio-económica de crise. E esta é a real tragédia dos nossos tempos! Nunca o trabalho foi tão desvalorizado. E há muito que os trabalhadores não se deixavam submeter tanto à lei da escravatura por medo.

É o medo que nos domina - o medo nas suas diversas facetas aterradoras que é alimentado pelos grandes grupos económicos. Aos senhores do dinheiro interessa somente o lucro e a forma mais fácil de o obter é tirando partido da mão-de-obra. Quanto menores os salários pagos, mais os lucros!

A política da austeridade que se vem cultivando no "podre reino" europeu serve perfeitamente aquilo a que Galeano, na mesma reportagem da TVE, chama a "ditadura invisível dos grandes grupos das finanças". São esses grupos que comandam autenticamente o mundo e não há governo que lhes faça frente!

Os governantes deste Velho Continente abdicam daquele que é o seu principal papel na economia de mercado livre que nos domina - o de incutirem confiança nos seus cidadãos. Ao invés, optam por injectar a sociedade com um receio que só retrai mais a economia. Ora, cresce o desemprego, aumenta o medo, fomenta-se a escravatura do trabalho.

Como é que se pode rebentar esta bola de neve? Essa é a pergunta que precisa de resposta.