A imagem de marca do
FC Porto-Benfica de 11 de Maio passado, com
Jorge Jesus de joelhos face a um Vítor Pereira louco de alegria, é o testemunho perfeito para o final épico que o clássico teve.
A fotografia tem ainda subjacente a ideia de
um treinador consagrado subjugado por um outro que não provou ainda em absoluto o seu valor (pelo menos na perspectiva do adepto de futebol) - comummente se diz que no FC Porto qualquer treinador se arrisca a ser campeão.
São curiosamente, ou nem tanto, dois treinadores que estão longe de serem consensuais entre os adeptos de Benfica e FC Porto. Têm estado ambos
entre o ódio e o amor, no coração de benfiquistas e portistas.
Antes deste clássico, Jesus era endeusado na Luz perante um título que parecia absolutamente certo; já a Vítor Pereira todos os portistas apontavam a porta de saída, face à quase certeza de uma época perdida. O
técnico dos dragões entrou para o jogo como um "treinadorzinho" e saiu dele como figura magna, conforme se pode atestar pela forma como dominou a conferência de imprensa depois do apito final - até se deu ao luxo de mandar umas bocas a Pinto da Costa, quando insinuou que não precisava do FC Porto para continuar a treinar!
Aquela que parecia uma época gloriosa para as águias poderá, no fim de contas, tornar-se num autêntico pesadelo e
Jesus poderá sair da Luz pela porta mais pequena. Em quatro temporadas no Benfica, venceu somente um título (2009/2010) e três Taças da Liga (2009/2010, 2010/2011, 2011/2012). Muito pouco para um treinador que é reconhecidamente bom no seu trabalho.
Jesus merecia verdadeiramente um pouco mais! E o Benfica tem um estatuto que lhe exige outro volume de triunfos, mas
continua sem encontrar a fórmula para travar a supremacia do FC Porto. Não sei se o problema será do treinador presente, mas é certo que Jesus tem respeitado demasiado o grande rival do Dragão.
Vítor Pereira, que ainda há quatro temporadas treinava na Segunda Liga, ganhou um título (2011/2012) e duas Supertaças Cândido de Oliveira (2011 e 2012), em duas temporadas como treinador principal do FC Porto.
Acredito que
Jesus é melhor treinador do que Vítor Pereira, mas os números não enganam e, no lado concreto dos factos, é o segundo que se revela mais eficaz. Em alguns casos,
o Benfica parece ter esta capacidade de piorar os seus profissionais. Já o FC Porto consegue, tantas vezes, aprimorar o mais mediano treinador ou jogador. E este é o diferencial que desequilibra a balança na eterna rivalidade entre os dois clubes.
Espero que
Vítor Pereira se sagre campeão no domingo para deixar o FC Porto pela porta grande - ele merece provar o seu valor longe da sombra vitoriosa do Dragão e o FC Porto merece um treinador mais capaz em termos europeus. E
que Jesus salve a época do Benfica vencendo a Liga Europa e, já agora, que preserve o seu lugar no banco da Luz.