sexta-feira, 11 de janeiro de 2013

Estão a matar a RUM!


Tive o privilégio de trabalhar na RUM (Rádio Universitária do Minho) nos idos 2000 e fiquei com o "bicho" da Rádio entranhado, como acontece com todos os que experimentam esta maravilhosa ferramenta. Já na altura a Rádio atravessava grandes dificuldades financeiras e os profissionais da casa recebiam o cheque salarial de vez em quando, como uma surpresa inesperada! Mas isso não nos inibia de darmos o "litro" diariamente, de trabalharmos com afinco e da melhor forma que sabíamos.

No presente a RUM vive mais um período delicado que poderá, em última instância, decapitar de vez a viabilidade da emissora. Mais uma vez fruto de problemas de foro financeiro, e em virtude de um diferendo com a Antena Minho, a Rádio está sem emissão. É caricato que seja precisamente uma "colega" de actividade a "calar" uma Rádio que ajudou tantos profissionais a crescerem. Por lá passaram muitos licenciados da Universidade do Minho (UM) que estão hoje a trabalhar nos mais diversos órgãos de comunicação social. Tenho a certeza que todos têm uma memória saudosa da RUM, e dos ensinamentos que retiraram da experiência, apesar do dinheiro que ainda lhes será devido. É esse definitivamente o meu caso.

A RUM não é apenas uma Rádio local que se debate desde há muito com a falta de dinheiro e a falta de apoios. É uma Rádio universitária, um espaço de aprendizagem e experimentação que deveria ser fundamental na vida académica da UM e no próprio quotidiano de uma Braga que cresceu alimentada pelos estudantes e pelo desenvolvimento e prestígio granjeados pela Universidade. Mas na verdade nunca foi esse lugar essencial. E nem sequer tem o devido respeito das Rádios vizinhas, mais do que concorrentes, companheiras de batalha. Muito menos tem merecido o necessário suporte das autoridades locais.

Há muito que a RUM persiste abandonada por aqueles que têm a responsabilidade de a aguentar e de a levantar, tornando-a economicamente viável e um verdadeiro instrumento da comunidade universitária. Nem a reitoria da UM, nem as sucessivas Associações Académicas assumiram o papel que lhes competia, sacudindo a água do capote perante as dificuldades.

Em tempos de crise, é muito fácil decidir "calar" a RUM. Até a própria comunidade universitária estará pouco ciente do carisma da Rádio e da importância que esta poderia ter, não apenas para os estudantes de Comunicação Social, mas também para os demais cursos e para a própria dinâmica da Universidade. Num momento em que o ensino superior se debate com o corte nos financiamentos do estado, não acredito que seja desta que se assumam os deveres para com a RUM, o que deixa a Rádio num absoluto beco sem saída.

Entristece-me pensar que o fim poderá mesmo chegar para a Rádio que tantas paixões nutriu e que só à força da paixão tanto tempo aguentou. É um pouco da minha memória, e da memória de todos os que passaram pela RUM, que se esfuma...

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