quarta-feira, 28 de novembro de 2012

O jornalismo em vias de extinção


Quanto entrei para a Universidade, no longínquo ano de 1994, já o jornalismo estava em crise! Então, o grande problema era a falta de experiência dos recém-licenciados; os cursos de jornalismo/comunicação social estavam desvalorizados e as principais publicações privilegiavam, sobretudo, o trabalho feito. Como mudaram as coisas!

Hoje em dia, as ofertas de emprego que existem por aí são maioritariamente para recém-licenciados, mão de obra baratinha (nalguns casos de borla!) e disposta a tudo. O foco passou da qualidade para o pragmatismo da crise! 

Mas se a profissão continua imersa na crise, embora de outro padrão e gravidade, é sinal de que o futuro não pode ser próspero para o jornalismo. Na verdade, os jornalistas não conseguiram adaptar-se aos novos tempos, nem encontrar um novo paradigma que defina aquilo por que são importantes. Temo que só os jornalistas se sintam importantes nesta pseudo-democracia em que vivemos, enquanto o público em geral não lhes atribui grande utilidade. E esse é um dos problemas maiores.

A maioria dos jornalistas escreve/fala para os da sua classe, quando executa uma peça jornalística. Não é só a terminologia "técnica", aqueles chavões que se tornaram comuns e que não dizem nada! Ouvir uma peça jornalística sobre economia não é muito diferente de escutar um jornalista desportivo a expressar-se no malfadado futebolês - em ambos os casos, o que fica é uma mão cheia de pouca ou nenhuma informação relevante.

Deixamo-nos "apanhar", nós jornalistas, esta espécie em vias de extinção, pela vacuidade dos dias, onde a informação é só mais um bem perecível e, cada vez mais, um bem terciário, relegado para o fundo da lista de prioridades do público (aqueles que não estudaram comunicação social, nem jornalismo, e que se estão a marimbar para a deontologia profissional).

Creio que muitos dos leitores/espectadores/ouvintes não desejam sequer uma informação isenta e imparcial; esperam, simplesmente, por notícias que enformem as suas "vidinhas", que vão ao encontro daquilo que são os seus desesperos e as suas esperanças. Não querem uma perspectiva desinteressada e clara da realidade, mas antes um ponto de vista que justifique a sua condição. Não querem ser elucidados, preferem ser iludidos. E se há esta divergência nítida entre o dever do jornalista e o interesse do seu público, como sustentar o futuro da profissão?

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