quarta-feira, 21 de novembro de 2012

A satisfação


Quando recebemos o reconhecimento daqueles que são os nossos "clientes", há uma satisfação particular. O orgulho que depositamos no nosso trabalho ganha intensidade e comprovação. Nas grandes empresas nem sempre os trabalhadores da base da pirâmide têm os seus méritos devidamente recompensados e autenticados. E quando é o público a reconhecer a nossa importância individual num dado projecto, apacificam-se mágoas por eventuais omissões da entidade patronal.

Durante os 12 anos que "jardinei" no Relvado.com, muitas vezes vi o meu trabalho veementemente criticado e o meu papel posto em causa. Sei que granjeei o meu espaço, à força de pulso, no site e que era respeitada pelo núcleo duro dos relvinhas. E não deixo de me surpreender com as palavras que me dirigiram alguns dos utilizadores, nos últimos dias, depois do meu adeus ao Relvado.com. Acomodam-se na alma essas mensagens de elogio e dão dimensão maior ao trabalho feito.

Quando o mesmo louvor é assinado também pela pessoa que foi responsável pelo meu primeiro contrato de trabalho e que acompanhou a minha intervenção no Relvado.com durante sete anos, o sabor da satisfação é mais intenso.

Na verdade, quando em Lisboa ficou definido o meu futuro, não foi o meu trabalho que privilegiou na decisão tomada. Foram os números! E essa é a grande lacuna do mercado de trabalho actual, onde o real trabalho concretizado não conta para nada. As pessoas são meros números na engrenagem e, como migalhas, acabam por desalmar-se, indo ao encontro daquilo que fazem delas. Ora sem alma, nenhum corpo é inteiro e nenhum gesto completo.


2 comentários:

  1. Susana, três coisas:
    1ª Solidariedade, sabendo-se que essa, dando algum conforto, não faz ultrapassar as dificuldades do fim do mês;
    2ª Contam-se pelos dedos de uma só mão os professores de economia não neo-liberais que ensinam nas faculdades portugueses. Perante isto percebe-se porque é que os números prevalecem sobre a qualidade;
    3ª Lutar, lutar, lutar sempre, tendo em consideração que a vitória nessa luta, dependendo da conjuntura, depende muito mais da luta colectiva que encetemos para modificar a conjuntura.
    Um abraço
    José Domingos Costa

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    1. Obrigada, caro José, por essas palavras reconfortantes.

      De facto, acima de uma luta individual, que cada um deve travar em prol do seu futuro, urge também essa batalha da sociedade como um todo, na definição de um novo paradigma que substitua os malefícios do capitalismo, tão flagrantemente expostos por estes tempos difíceis.

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