Lembro-me de ir ao velhinho
Primeiro de Maio, nos anos da tenra juventude, assistir aos jogos do
Sporting de Braga contra os grandes. Era uma desolação! Frente ao
Benfica, o Estádio por completo empedernia-se a torcer pelo clube de Lisboa. E contra o
FC Porto havia sempre a garantia de pedras a voarem pelo ar e de umas murraças trocadas nas bancadas, a apimentarem o futebol jogado.
Ainda não há muitos anos, quando morava em Braga, o habitual era ouvirem-se
comemorações pelas vitórias do Benfica e nunca pelos triunfos do Sp. Braga.
Foi um longo caminho este o percorrido pelos arsenalistas rumo à
conquista da Taça da Liga 2012/2013. Um título, convenientemente festejado pelos bracarenses, que o Sp. Braga merecia e que espero que venha a consolidar, definitivamente, o sucesso granjeado pelo clube nos últimos anos.
Como portista, ficaria um pouco envergonhada até por ganhar um troféu de uma competição que tanto temos desprezado. E para o futebol português a vitória do Sp. Braga na Taça da Liga é uma grande notícia.
Para lá das
lágrimas de Hugo Viana nos festejos do título, assinalo a especial dedicatória feita pelos jogadores arsenalistas ao
presidente António Salvador. Não simpatizando particularmente com a figura do empresário da construção civil, ele é, realmente, o grande timoneiro da ascensão da equipa. Claro que isso não teria sido possível se não tivesse sido apadrinhado por
Mesquita Machado, o autarca de Braga há mais de 30 anos. E Salvador não se esqueceu do governante na hora do triunfo, salientando que esta "conquista também é dele".
Futebol e autarquias, autarquias e construção civil... Sim, é um novelo que se emaranha indefinidamente. Mas voltando só à bola propriamente dita, Salvador fica com os louros por ter guindado o Sp. Braga até ao mais alto patamar do futebol nacional. Não como o terceiro grande! Essa condição fica ainda para o
Sporting que, apesar dos fracassos desportivos, persiste, a par de
FC Porto e
Benfica, como um dos três únicos clubes lusos com
verdadeiro estatuto nacional.
António Salvador aprendeu com o melhor, o grande e inigualável Pinto da Costa. E já se vai falando dele como possível sucessor do presidente do FC Porto. Não me agrada a ideia. Mas é certo que o presidente do Sp. Braga tem um carisma popular, numa nota tipicamente minhota, que parece cativar as gentes. Falta saber se Salvador será capaz de manter o Sp. Braga num crescendo de sucesso ou se preferirá utilizar o trampolim arsenalista para voos maiores...