domingo, 16 de dezembro de 2012

A clarividência num prato de arroz de açafrão com tâmaras


O ser humano busca, repetidamente, o prazer. O prazer de ler. O prazer de comer. O prazer de ter. E cada vez mais, nesta sociedade movida pelo direito de posse, o ter assume-se como palco privilegiado de todos os prazeres. Um bom carro, o último modelo de telemóvel lançado no mercado, um casaco de marca, uns sapatos de autor...

É sabido que a imagem tem uma importância fundamental nos dias que correm. As relações sociais, e até profissionais, medem-se pelas boas aparências. Ter é, nesta actualidade superficial, sinónimo de ser. Quem não tem, não é! Ora, neste filme da crise, está o ser empatado.

Quem sabe se esta crise não terá o condão de dar uma lição à humanidade? Melhor, se não será a única via de garantir a auto-sustentação da Terra perante a voracidade invasora dos seus habitantes?

Ideias que embrulhei no palato com um arroz de açafrão com tâmaras. Não é que as tâmaras fizessem falta! Mas são o fruto proibido do prato, os hidratos de carbono excessivos e desnecessários. Afinal, o excesso está entranhado nesta humanidade destroçada que somos e, se calhar, só à força poderemos conter todos os nossos apetites.

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